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Nutrição e Vida

Silêncio…..Mas, feliz dia dos Médicos para nós!

O silêncio é o reflexo da sobrecarga de trabalho ou puramente a falta do que escrever?  Ou quiçá, a combinação dos dois, alguém poderia afirmar!

Hum….. talvez a melhor justificativa seja a primeira opção, associada ao desânimo de escrever. Afinal,  porquê e para quem, num mundo contemporâneo surdo e inerte aos gritos dos desvairados! A ausência de temas é realidade impensável, com a multidão de aloprados que andam por aí a gritar seus devaneios e a quantidade de asneiras que pairam pelo ar – realizadas e ditas. Enfim, explica-se mas não se justifica! Logo, não escrevo porque não tem-me apetecido mesmo.

Ando sobrecarregada de ideias, de ações, de gente e de nada. Quanta contradição! Nada de diferente na minha rotina desenfreada, movida a sonhos e desejos pelo próximo, mas também de desânimo e preguiça. Há vezes que falta o combustível ou a garra para fazer acontecer, pois sozinha dificilmente os objetivos são alcançados. Por outro lado, o coletivo anda gravemente enfermo, inerte, e quando se manifesta é para defender o “próprio umbigo”. Exemplos sobram, e de novo esta semana, passei pelo desagradável momento de enfrentar situação puramente egoísta.  Mas isso não é tema para o dia de hoje, em que se comemora a profissão que acidentalmente abracei.

Que é isso doutora? Acidentalmente? Não queria ser médica?

Não. Eu queria mesmo é ser advogada para ser diplomata. Viajar pelo mundo e conhecer gentes, experimentar diferentes ares, pisar em solos verdes e desérticos, nada em águas tépidas ou geladas, provar sabores exóticos ou comuns e, entregar-me à luxúria de ser livre que nem Fernão Capelo Gaivota. Então, pela força do destino (uma simples guerrinha),  nada disso aconteceu e,  virei médica! Frustrada?

Nada. Super realizada! Afinal, de uma maneira ou de outra, esse sonho virou realidade, ao ter combinado a arte (perdida – diga-se, para muitos, e não para mim) da Medicina com o sonho de que Ensinar (assim mesmo, em letra maiúscula) muda mundos e pessoas. Ser médica e depois professora, para a menina que discursava frente a plateias desertas, foi o ápice.

E hoje, no dia do médico (este pode ser masculino mesmo, isso não me importa, pois a nossa língua tem essa característica),  sento-me à frente da tela brilhante de meu inseparável companheiro diário e pergunto: onde chegastes?

Longe! Alcancei sítios distantes, que jamais imaginei seriam possíveis. Meu currículo lattes tem um montão de coisas, muitas significam bastante, outras são meras burocracias, que tanto detesto. Quando perguntam-me como gostaria de ser apresentada e começam a soltar todos os títulos,  tais como  “Médica/cirurgiã, Professora….., chefe……, editora….. e um tanto de outro adjetivos, recolho-me ao meu silêncio e elucubro “nossa, mas eu sou somente Isabel Correia”, pois,  até meu nome de rainha eu abrevio (rsrsrsrsr). Já ouvi de vários, inclusive, próximos de mim:  “isso é presunçoso”, “é petulante”.

Penso que não, pois o seria, se ao ter feito quase nada, anunciasse tudo, até o que nas entrelinhas se pode explorar! O que fiz e alcancei foi fruto da minha luta pelo melhor de mim e dos outros. Sim, de mim primeiro, pois se não estiver bem, como ajudar o outro. Defendo o ser humano integralmente, e ultimamente, apercebi-me que também devia falar mais alto, como mulher. Dizem que sou mulher cirurgiã. Eu contesto “sou cirurgiã”.  Alguém diz que visitou um “homem cirurgião”? Então onde entra o mulher, como adjetivo antes do substantivo cirurgiã?

Para quê tantos adjetivos?  Certamente,  é a necessidade da sociedade em justificar o quanto se vale. Será mesmo?

Nosso valor, aquele que carregamos no peito, não deveria ser por titulações e, sim pelo que representamos, de fato – ações.  Neste quesito, sou primeiro filha de João e Margarida, irmã de António Pedro, mulher de Mário, mãe de Marco Túlio e Gustavo, além de avó de Samuel, Heloísa e Lucas, por enquanto. Ah, e do Nick, meu peludinho que enche minha vida com capetices, até hoje, apesar da idade.

Tenho profundo orgulho das minhas duas crias, dos homens que se tornaram e dos profissionais que prezam o trabalho como meio de crescimento, além do respeito que têm com suas esposas amadas e amantes. Morro de saudades, mas dei-lhes asas para que voassem mais longe do que eu! No fundo, fi-los cidadãos do mundo, também!

E ainda, no tocante ao nosso valor,  como cirurgiã,  arrepio-me quando vou ao concerto de comemoração do dia do Médico e ao ser brindada com o vídeo comemorativo, os dois profissionais que atuam são homens. Penso, “meu Deus, numa sociedade em que já somos, em algumas especialidades, mais do que 50% e que entram nas faculdades mais mulheres do que homens, os símbolos da celebração do dia,  são apenas dois homens!!!! Eita, mundo machista!

Ou seria eu feminista? Tema para outro post, sabe-se lá que dia? Não há regras! Hoje apeteceu-me escrever.

Feliz dia do Médico!

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