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Nutrição e Vida

Somos todos “Portugal” hoje, até eu! 11 milhões….

A minha frase título pode parecer estranha, ou até mesmo insensível, mas é na verdade, muito real. Porque?

Simplesmente porque apesar do meu passaporte Português e da minha família que vive em Portugal, nunca me senti uma Portuguesa, em função de todas as razões relacionadas com o status de “refugiada/retornada” há mais de quarenta anos lá atrás…

Quando deixamos Angola por causa da guerra cruel (verdadeiro pleonasmo dizer que a guerra é cruel, porque todas são) fomos terrivelmente maltratados em Portugal onde nos chamaram de “retornados”. No meu caso, de maneira nenhuma o era, pois nem eu nem tampouco meus pais havíamos vivido ou até mesmo nascido na até então “pátria mãe”. Logo, como poderíamos ser assim chamados?

Contudo, esse é um pequeno detalhe em meio à triste história na qual o governo e o povo Português nos trataram: como MERDA!

Relembro vividamente os dias em que nos encontrávamos no Rossio, uma das praças mais charmosas de Lisboa, para matar saudades entre amigos, mas também para reclamar nossos direitos e, éramos, frequentemente, super e covardemente mal tratados pelos Portugueses. Isso para não mencionar a invasão ao Banco de Angola, onde cenas violentas ficaram gravadas na minha mente de adolescente, durante aqueles dias cercados por armas e tanques de guerra, apenas porque lutávamos inocentemente para que nos trocassem o escudo Angolano pelo escudo Português.

Os Portugueses foram maus, muito maus para conosco e, isso não pode ser esquecido, em especial porque fomos vítimas de um processo descolonizador equivocado.

A minha vida foi catapultado para uma mudança de 180 graus por causa de uma guerra atiçada e mantida por actos irresponsáveis. Logo, como posso sentir-me parte desta nação?

Mas a vida segue e, hoje os Portugueses vivem realidade distinta, tendo caminhado por maus caminhos, consequência de comportamentos passados impróprios. Também, a nova geração de Portugueses tem vivido momentos diferentes e, apesar das influencias herdadas, abriram as cabeças e são mais realistas, menos pessimistas e mais humanos. Então, ontem, pela primeira vez, posso dizer que senti-me um “pouco” Portuguesa. Obrigado ao desporto e ao espírito de trabalho de grupo por ter-me feito sentir assim!

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