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Nutrição e Vida

Água – o mito a desvendar-se!

Hoje, poderia escrever sobre tantas coisas, já que esta semana foi intensa e profícua em razões para dedicar um tempinho à escrita extra Medicina/Ciência. Contudo, escolhi dedicar estas palavras ao elemento ÁGUA, porque além do motivo que me instigou a vontade de escrever (um post em um blog famoso de variedades femininas em que se registrou a importância da água, mas mencionou-se que “não se sabe exatamente quanto devemos beber ao dia, mas pelo menos 2 a 3L),  houve também a defesa de mestrado da minha aluna Jessimara Ribeiro (brilhante defesa) sobre hidratação venosa no período cirúrgico.

Somos 60% água, vivemos nossos primeiros nove meses da vida no líquido amniótico materno e, no meu caso, quero terminar nas águas do oceano Atlântico preferencialmente. Porém, a afirmativa de que somos 60% água é uma estimativa, considerando-se que as crianças têm maior quantidade e os idosos menor, assim como os homens têm mais do que as mulheres e os indivíduos obesos quantidade menor, uma vez que o tecido gorduroso predominante é pobre neste elemento.

O estado de boa hidratação reflete o equilíbrio entre o que se ingere ou recebe (caso de indivíduos em soroterapia ou nutrição na veia) versus o que se perde na urina, no suor, nas fezes, pela respiração e  na doença em que há perdas extras, por exemplo, vômitos. Tanto a desidratação como a hiperhidratação são daninhas ao organismo pois aumentam o risco de lesões em órgãos importantes como coração, pulmões e rins. Pouco se menciona do trato gastrointestinal, mas este em pacientes cirúrgicos sofre bastante com a hiperhidratação, havendo risco aumentado de complicações relacionadas com dismotilidade (intestino preguiçoso), edema das alças intestinais com concomitante aumento de permeabilidade e translocação de bactérias para outros órgãos, o que pode gerar infecção à distância. Ainda que para aqueles que trabalham com metabolismo, o assunto seja bem conhecido, a maioria dos profissionais médicos ainda não despertou para este aspecto, colocando em risco a evolução dos pacientes (tema do estudo da minha aluna, em breve a ser publicado).

Mas, o que eu quero mesmo abordar é o tal “não se sabe exatamente quanto devemos beber ao dia, mas pelo menos 2 a 3L”. Geeeeeente…… que coisa essa desse povo que não sabe, ficar por aí a escrever bobagens! Mas o pior é que esses “posts ou notícias” são muito mais lidos do que certamente “euzinha” neste singelo blog. Basta comparar os “likes” das mídias (o que nem sempre é verdadeiro, já que se podem comprar  seguidores. Dá para acreditar? Sim, é verdade, pois já me ofereceram várias vezes e, claro, nem me dei ao trabalho de averiguar. Afinal, que coisa mais sem ética!).

Vamos lá então para quem quer saber:

As necessidades de água variam por idade, por sexo, por peso e composição corporal. Além disso, quando há perdas por qualquer doença que faça eliminar líquidos (diarreia, vômitos, fístulas) ou situações extremas de temperaturas quentes (o que implica em perdas extras), essas devem ser incorporadas à oferta diária. Por outro lado, doentes com acúmulo de líquidos (insuficiência renal, cardíaca, ascite/barriga de água) deverão ter restrição de oferta de líquidos. Contudo, para efeitos genéricos as necessidades para adultos variam  de 30 a 50mL por quilo por dia (para obesos, fazemos também correções), oferecendo-se os limites superiores para pessoas com grande quantidade de massa muscular e bem ativas. Essa quantidade é suficiente para manter o indivíduo, em condições fisiológicas, bem hidratado. Assim, uma mulher de 50kg precisaria cerca de 1500mL  (30mL/kg) dia e um homem de 70kg cerca de 2800mL (40mL/kg). Estes cálculos são a matemática, mas o que ditará a real necessidade é a avaliação do volume de urina (também, há um número para o volume adequado, mas para o leigo não há  necessidade deste conhecimento, basta a observação da cor que deverá ser clara e não amarelo escuro) e da sensação de sede. Sem dúvida, ter sede, significa que o organismo está em deficit. Logo, idealmente, deveríamos tomar água ou líquidos ao longo do dia para contemplar a conta simples que aqui registrei, de preferência, fora das refeições para não haver comprometimento de outros aspectos importantes (não, não, não é porque vai dilatar o estômago ou algo assim parecido, pois essa falácia não existe. Quem quiser saber, pode me perguntar por mensagem ou escrevo depois sobre o assunto).

Simples, somos água, precisamos de água, mas eu não preciso da mesma água que o Brad Pitt! Ai, ai……

Enquanto isso, aguardem aí por mais notícias sobre Paquistão, qualidade de vida e câncer, falta de insulina (podem crer, faltou esta semana no nosso hospital universitário), alimentos proibidos e câncer etc etc…..há tanto para elucubrar, mas falta o bendito tempo!

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