Avaliação do artigo, conforme a visão crítica do Dr. Leandro de Oliveira Costa. Vale a pena lê-lo!
Randomized Controlled Trial Testing the Effects of Weight Loss on Nonalcoholic Steatohepatitis (NASH)
Kittichai Promrat et al., Hepatology. 2010 January; 51(1): 121–129. doi: 10.1002/hep.23276
Introdução: Os autores descrevem a esteatohepatite não alcoólica (NASH) como doença crônica, muito prevalente no mundo, capaz de evoluir para cirrose. Avaliando os estudos anteriores, os autores criticam a ausência e a padronização de protocolos para emagrecimento, ou o inadequado controle ou a ausência de critérios baseados na literatura para definir NASH.
Material e métodos: A população foi constituída por indivíduos com índice de massa corporal (IMC) entre 20 e 40kg/m2, enzimas hepáticas elevadas e sem outras doenças hepáticas. O desenho do estudo se caracteriza pela divisão dos participantes em grupo controle (GC) (n=10) e grupo a ser submetido ao programa intervencionista (n=21) baseado no state-of-the-art lifestyle interventional program. A proposta para o grupo que sofreu intervenção (GI) foi de perda de peso entre 7-10%, em seis meses e, a manutenção do peso até completar 48 semanas. A dieta indicada foi hipocalórica entre 1000-1500kcal, com 25% de lípides, acrescida de proposta de 200min de exercício por semana. A biópsia hepática foi realizada em todos os participantes após duas semanas no programa e ao término de 48 semanas. O desfecho primário foi a redução de três ou mais pontos no escore NAS ou menor ou igual a dois pontos no mesmo escore.
Resultados: Houve 48% de indivíduos diabéticos, 74% portadores de síndrome plurimetabólica cuja média de IMC foi de 34kg/m2. A redução do peso entre o GI x GC foi respectivamente de −8.7 kg (95% CI, −11.7 – −5.6) e −0.5 kg (95% CI, −4.8 – 3.8), o que equivaleu a porcentagem de redução de peso de 9.3% vs 0.2[6.1]% respectivamente. A redução no escore NAS ≥ 3 pontos foi respectivamente 61% vs 20% para os GI e GC, enquanto que escore menor que 2, na classificação NAS, foi de respectivamente 67% vs 20%. A normalização de ALT ocorreu em 60% do GI vs 30% do GC.
Discussão: Ressalta-se o fato de o estudo ser o primeiro ensaio clínico randomizado controlado para avaliar a perda de peso como tratamento para NASH. A definição de critérios bem estabelecidos na literatura para determinar a melhora histológica do NASH também diferenciou esse estudo dos demais. O estudo revelou que programas intervencionistas podem ser capazes de produzir quase cerca de 10% de redução do peso em pacientes com NASH. Esse percentual é significativo em produzir resolução do NASH em proporção significativa dos pacientes. A ausência de melhora na fibrose poderia ser explicada pela amostragem pequena ou pela necessidade de acompanhamento por mais tempo.
Conclusão: Os autores concluem que a redução de peso em pacientes com NASH pode ser obtida por meio de programas de intervenção intensiva. A perda de peso acima de 7 e 10% é capaz de produzir melhora laboratorial e histológica da NASH, tendo impacto sobre o risco cardiovascular desses pacientes.